domingo, 14 de outubro de 2007

Igreja da Santíssima Trindade

«Vergonha! É um abuso, uma vergonha, a Igreja nunca poderia ter gasto tanto dinheiro!»

A frase resume sucintamente a maior parte das opiniões que tenho ouvido (independentemente do seu credo/religião/opção nesta área). Critica-se (em parte, com razão - não havia necessidade de painéis em ouro, por exemplo) o simples facto de se terem gasto 70 milhões de euros na construção da Igreja. Bom, há factos que devo salientar:
  1. O projecto inicial previa um orçamento de 70 milhões de euros, que foi integralmente cumprido, com a obra a ficar concluída no prazo estabelecido.
  2. O dinheiro foi dado pelos fiéis por sua livre e espontânea vontade, tendo sido apenas retirado das ofertas referentes a "Promessas" e não em doações aos "pobres".
  3. Não vi (nem vejo) o escândalo aquando da construção do Centro Comerc... Cultural de Belém, com uma derrapagem record em termos de orçamento, um atraso injustificado nas obras e o dinheiro a sair do bolso dos contribuintes (não é por livre e espontânea vontade que pago impostos). Como é para a Cultura, perdoa-se tudo...
  4. Ainda no domínio da Cultura, será preciso referir a alarvidade que foi a Casa da Música no Porto em termos de orçamento e tempo de execução?
  5. No âmbito dos Transportes e Comunicações, gostaria de referir a Ota (só em estudos, tantos boys que têm sido alimentados...), o Túnel do Marquês, o Metro do Terreiro do Paço, a Estação do Rossio, os 10 Estádios para o Euro, a barragem do Alqueva ... (ufa!, não deve ser preciso continuar)
  6. E no caso do Ambiente, o abate dos sobreiros pago a peso de ouro (5 vezes acima do preço inicial, de 2M para 10M) e a circuncisão da doença dos pinheiros (14 vezes acima do preço inicial, de 5M para 70M) são (maus) exemplos.
E o escândalo, onde está ele? A preocupação com os pobres, onde está ela? É que a Igreja, por pouco que faça, faz sempre mais do que os que, de forma hipócrita, a criticam. Mas está 'na moda' atacar a Igreja por tudo e por nada. Veja-se o escândalo que foi, para os badamecos ideológicos de esquerda, este assunto. Não é escândalo as atrocidades que, por exemplo, os regimes que estes badamecos de esquerda defendem (China e Cuba, por exemplo) cometem, onde a Igreja, com muita dificuldade e muitas ameaças, muitas delas concretizadas, vai tentando evitar.

P.S.: Também não ficou bem ao Papa os termos da recusa em vir a Fátima para a inauguração. É por estas e por outras que, mesmo dentro do núcleo cristão e católico, cada vez mais pessoas se sentem descontentes pela suas atitudes e pela sua postura.

4 comentários:

Meg disse...

Amen

Nelson disse...

errrr....

apesar de ser um badameco de esquerda não defendo tais alarvidades que indicas.

Podendo criticar, como critico, as derrapagens e as grandes obras públicas não o faço por atacado; cada caso é um caso e o interesse público da Casa da Música e do Alqueva têm de ser equacionados em separado. O mesmo vale para a Ota e para o túnel do Marquês.

Contrariamente às obras públicas contudo, o dinheiro para esta basílica não saiu do meu bolso. Não tenho nada a ver com a forma como os outros gastam o seu dinheiro. Mas convenhamos que paineis de ouro já roça o exagero e 70 milhões de euros são difíceis de justificar para agradar a um Deus que até defende a humildade e a pobreza.

Bruno disse...

Primeiro, não és um badameco de esquerda. Por badamecos (em post oportuno tratarei disso) entendo todos aqueles que tomam uma opção extremista sobre um assunto.

O intuito do post foi ridicularizar, extremando. Não se põe em causa o interesse público das obras mas sim as suas derrapagens. Assim como eu próprio o digo, há abusos pouco toleráveis na nova Igreja e um deles focaste muito bem.

André disse...

Concordo.