quarta-feira, 27 de junho de 2007

Quiz time!

Vindo do vizinho do lado, temos as seguintes pérolas:

$4225.00The Cadaver Calculator - Find out how much your body is worth




How evil are you?

Brilhante, simplesmente brilhante!

Com base nesta notícia do Público, foi criada uma comissão para avaliar quais seriam as condições de trabalho ideais, pomposamente denominada por Comissão do Livro Branco das Relações Laborais. As medidas que os senhores sugerem passam pela redução das férias, aumento da facilidade do despedimento e redução do número de dirigentes sindicais, entre outras. Em suma, pretende-se escravizar (menos direitos, mais deveres e perda de capacidade de negociação) o trabalhador português.

Em primeiro lugar, estes senhores dos comités e das comissões, cada vez que fazem um estudo, olham-se ao espelho. São eles que, sem fazerem nada por isso, sugam balúrdios ao Estado para amamentar os seus vícios e luxos. São eles que, se não tivessem emprego nestas comissões, seriam desempregados porque ninguém dá trabalho a calhaus incompetentes. E são eles que merecem viver nas condições que apregoam como as "ideais". Se as vivessem, já não as achavam tão atractivas.

Em segundo lugar, cada vez que oiço falar em comissão, vejo ataques ao trabalhador comum, mas não vejo sugestões que permitam aumentar as receitas à custa da redução de deputados ou da limitação de assessores e/ou secretários e sub-secretários de Estado. As propaladas reduções da despesa na área parlamentar foram um embuste dos grandes: limitaram-se, de facto, as subvenções e outras alcavalas injustificadas, mas redescobriu-se a assessoria ministrial e dos demais membros governativos. De facto, cada vez que leio coisas destas, lembro-me disto. Porque será?

Assim sendo, existe alguma leitora simpática que queira partilhar um chalé no Canadá?

I'll feel like...

Damn!

O que passará na cabeça de um homem para matar a mulher e o seu filho de 7 anos ? Não será que estamos a perder aos poucos a nossa racionalidade?

terça-feira, 26 de junho de 2007

Uma sugestão musical!

Com os subtítulos Aeroporto, PIB, Portucale, DREN, Ensino Superior e País, apresento-vos ...




Vertente informativa do blog: o PIB nacional aproxima-se dos 156 mil milhões de euros. Depois não digam que não vos ensino nada.

Guia (Actualizado) de Engate de English Steakesses - Introdução

O que é uma Steakesse, pergunta o virginal leitor? Ora, a dita palavra serve para designar uma loura, cor de lagosta com vontade de apanhar cancro de pele, estrangeira (possivelmente inglesa, alemã, holandesa ou mesmo nórdica), que vem gastar alguns euros de férias em Portugal para duas coisas: uma, já referida, passar de adepta do Real Madrid a adepta do Arsenal (pensavam que ia falar do Clube do Orelhas, hein?); a outra, mais rebuscada, testar intensamente as molas das camas de quaisquer albergues algarvios (ou "allgarvios", para não desgostar o Desgover.. esqueçam, isto é um post sobre gajas!).

Ainda não perceberam de quem se fala?
- São bifas (e não rosas) senhor, são bifas!
- Então é um guia para comer gajas!! Bora, Mike!!
- (É burro) Não é assim, não deves dizer isso... deves ser mais delicado...
- Delicados são as libélulas da marcha arco-íris do Rossio. Eu sou muito macho!

Isto seria um típico diálogo de quem leria isto pela primeira vez. E qual dois está certo? A resposta é nenhum. Já irão perceber porquê... Entretanto, há que referir o conteúdo do Guia:

1. Esta foi a introdução. Apenas para chamar o leitor à atenção dos "perigos" desse animal que pulula nos areais "allgarvios";
2. O primeiro capítulo trata dos "locais de ataque" (delas no incauto leitor, está claro);
3. O segundo versa sobre o guarda-roupa;
4. De seguida, falaremos do aspecto global, isto é, o departamento de higiene & limpeza;
5. O quarto capítulo vai ser dedicado completamente ao meio de transporte;
6. O quinto e último capítulo debruçar-se-á sobre que histórias contar e o que beber - isto é, o comportamento social.

Convençam-se claramente que, após este guia estar completo, terão uma outra visão da vida nocturna "allgarvia". Tudo isto NÃO SE APLICA A MULHERES PORTUGUESAS que, por mais que se possa falar mal, quando querem, sabem ter classe, simpatia e proporcionam tempos bem passados (não incluindo a parte óbvia - e boa - do sexo).

E schlap!, berlaitada nas bifas!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

2+2=5?

Hoje sinto-me num dia 2+2=5. O incauto leitor pergunta "O que raio é isso?" Simples. É um dia onde tudo corre mal, onde ficamos a saber coisas que não queríamos saber, onde somos obrigados a mudar os nossos planos porque nos colocam todo o tipo de obstáculos e, ao fim do dia, vos apetece gritar:

«FODA-SE, QUE MERDA DE DIA!»

Este é um típico dia 2+2=5.

At last, we made it!!!!

Após muita labuta, lá cumpri o prazo. Como em outras ocasiões, é preciso andar atrás das pessoas para ter as coisas, mas neste caso só precisei de andar atrás de uma... Portanto, aqui vai um post de agradecimento às outras: aos orientadores (sem eles e sem a benevolência, simpatia e empenho, não tinha uma candidatura decente), aos professores e colegas que escreveram as cartas de recomendção (disseram bem de uma pessoa que, do modo como estava retratada, nem reconheci - obviamente, excepto a quem me ia provocando um mini-acidente cardíaco), e aos amigos, que me aturaram as saídas intempestivas do almoço, bem como aos meus desabafos.

Deixo um parágrafo para agradecer à Cristina variadíssimas coisas: ter insistido para eu concorrer, ter-me ajudado nos pressupostos e com bons conselhos, ter aturado os meus desabafos - e foram mais do que alguém merecia, quanto mais ela -, e por ser o amor de pessoa que é. Pronto, quando te mostrar isto, já sei que vais corar, mas o objectivo é mesmo esse.

Hóquei em Patins

Preparem-se que isto vai ser um post longo, por duas razões: porque hóquei foi, é, e sempre será o meu desporto favorito, e porque é das poucas modalidades onde Portugal tem um historial tão invejável que até os espanhóis, no alto da sua injustificada soberba, querem trocar connosco.

E porque raio merece o hóquei um post tão longo? Pela simples razão que, em 73 anos de história de competições internacionais por países da modalidade, Portugal NUNCA tinha ficado abaixo do 4º lugar. Até ontem. Por isso, há que classificar o dia 21 de Junho de 2007 como o mais negro na brilhante história que temos nesta modalidade.

Razões? Miríades e miríades delas. Enumeramos algumas:
  • O treinador é, claramente, um erro de casting. É um homem habituado a lutar para um apuramento para a 2ª fase do Nacional, nunca para ganhar uma competição de clubes, quanto mais uma competição de selecções. A culpa, aqui, não vai para o treinador mas para quem o escolheu, que é presidente da Federação Portuguesa de Patinagem, de seu nome Fernando Claro.
  • Não obstante isto, mais grave que um erro de casting é insistir no mesmo. O Claro tem o cérebro às escuras e disse que o treinador vai continuar. Erro crasso, quando em Portugal se tem dos melhores treinadores do mundo, campeões por onde quer que tenham passado: Vitor Hugo, Carlos Dantas, Cristiano Pereira, Franklim Pais, só para enumerar alguns...
  • Por outro lado, sabendo que o hóquei não tem as mesmas regras de há 10 ou 20 anos atrás, insiste-se em colocar jogadores franzinos a lutar contra bizarmas humanas, saídas de um qualquer filme de acção. Obviamente, e tendo em conta as actuais directivas de arbitragem - e que má arbitragem vi neste Mundial -, seria preciso estar sempre no pico da eficácia para podermos aspirar a qualquer coisa. No entanto, isso só aconteceu uma única vez, frente aos EUA, onde espetámos a maior goleada do Mundial, 11-0.
  • Os jogos importantes ganham-se com cabeça. Para se ter cabeça, é preciso experiência, e esta requer idade. Em vez de colocar as Esperanças, não haveria lugar para um Pedro Alves, um Filipe Santos, um Paulo Alves ou um Vitor Fortunato, só para citar os primeiros que me vêm à cabeça? E um pivot tipo Ricardo Pereira ou Filipe Gaidão?
  • Depois, a insistência do treinador em certos jogadores que estavam muitos furos abaixo do seu favor, a saber: Carlos Silva, Valter Neves e Tó Silva. O primeiro foi o 'pato' no jogo com a Suiça. O segundo meteu água por todos os lados. O 3º teve "A" hipótese de fazer o 3º cara-a-cara com o guarda-redes, no prolongamento, e não foi capaz. Foi o culminar de um sem número de disparates que, se alguém os tiver no sítio, não mais se repetirão porque este senhor não tem a qualidade para vestir a nossa camisola. De referir que os menos maus, a meu ver, foram Reinaldo Ventura (o único com cabedal para aguentar os adversários) e Caio (o único que me fez lembrar o Pedro Alves e com uma técnica acima dos demais).
  • O que retirar daqui para o futuro? Deixar de meter as cunhas e as clubites na selecção, e colocar quem, de facto, merece lá estar. E estranho ainda não ter havido demissões.
Sabem o que é mais curioso nisto tudo? É ter havido dois SENHORES desta modalidade (tanto jogadores como treinadores) terem previsto isto com mês e meio de antecedência. Fizeram cartas públicas e ninguém lhes ligou. Aqui está o resultado. E acabo o post quase como comecei: estou triste...

Actualidades Futeboleiras

O blog está a ficar demasiado desportivo para o meu gosto, mas isso são efeitos da silly season, referida num post anteriores. Vamos então lá resumir os últimos 6 dias:
  • Os sub-21 fizeram uma triste figura no Europeu. Desde um treinador medroso (e merdoso, também) que tinha a Bélgica nas cordas e não soube acabar com ela, passando por arbitragens caseiras q.b., ficámos mais uma vez na 1ª fase.
  • O Benfica e Porto continuam a contratar autocarros de jogadores como se não houvesse amanhã. Gastam balúrdios porque um recebeu uma batelada de carcanhol por um jogador fenomenal e tem para gastar, e o outro, com dor de corno, não quer dar uma de 'parente pobre'. Resultado, endividam-se até à medula. Ah, e há um senhor que virou Comendador porque é rico (se fosse pobre, diziam que era mal educado, rude e grosseiro, bem como um completo nabo e iletrado), que quer formar o primeiro Banco de um clube.
  • O meu Sporting estava a ir tão bem com Gladstone, Izmailov, a promoção de vários júniores e uma política contida quando decidiu ir buscar Derlei. Muito me engano ou já temos um candidato ao 'Prémio Bueno' deste ano.
  • O Belenenses e o Braga continuam a espiolhar o mercado brasileiro na procura de "pérolas" para enfiar aos grandes em dois anos. Valha a verdade, os minhotos, pelo menos, pagam os seus impostos. O que aconteceria se eu ou tu, caro leitor (sentes-te mais em casa?), não os pagássemos?
  • O Pinto da Costa foi acusado em catadupa. Outra coisa da qual tenho a perfeita certeza: o homem vai continuar livre como um passarinho (senil), e a Carolina nunca passará da primeira escritora-prostituta-delatora do nosso país.
É ou não é bonito o nosso futebol?

sábado, 16 de junho de 2007

Ponto de Situação

Bom, algumas actualizações que merecem destaque:
  • Ao fim de mais outro massacre, parece que um certo regulamento foi aprovado. Uma coisa é que não pode ser aprovada: perder duas tardes inteiras de trabalho para estar a aturar os devaneios psicológicos dos outros é um crime que lesa o erário público.
  • Um madeirense que mal fala português (mas é podre de rico) fez uma OPA a uma empresa de galinhas. Auto-intitula-se (não de forma directa) o salvador, mas revelamos, em primeira mão, a sua verdadeira razão: ganhar dinheiro. Quem dá um prémio de 30% e provoca uma subida de 50% ... ah, e paga uma recomendação numa investidora!
  • A Selecção de sub-21 está a fazer contas para conseguir passar à próxima fase, e não depende de si.
  • Os jornais desportivos já puseram 30 jogadores no FCP e 50 no Benfica. O Porto já comprou 18 dos 30 e atingiu a magnífica marca dos 70 jogadores para a equipa sénior. O Benfica só 2 ou 3 imitações dos 50 magníficos que por lá colocam.
Como se repara , tudo na mesma.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Formulários Electrónicos

Estou a concorrer a uma bolsa de doutoramento da FCT. A novidade, para mim, é preencher e ter que entregar tudo em formato electrónico, o que é uma grandessíssima seca. Não só porque há coisas que dá muito mais jeito preencher/entregar em papel, como "Descrição do Plano de Trabalhos" ou as cartas de recomendação, bem como se fica com a sensação que se poderia colocar a maior patranha do mundo que, com um documento bem forjado em Photoshop, a coisa passaria muitíssimo bem. Moral da história: nem tudo o que é internet pode ser considerado avanço.

Entretanto, um doce de pessoa passou-me uma pérola da musicalidade portuguesa. Para boas opiniões musicais, podem recorrer a ela por aqui ou ali ao lado.

P.S.: Já repararam no esforço sobre-humano que estou a fazer para escrever pouco? A esta altura, o meu olho esquerdo - o mais fechado - já começou a palpitar de raiva.

And now, for something completely different...

Qual é o Instituto qual é ele que pretende decidir o regulamento dos Mestrados de um certo Departamento num determinado dia, convoca uma reunião para o dia anterior, massacra as pessoas (ou por outra, uma pequena minoria dos presentes decide botar discursos mais longos que os meus posts à custa do dinheiro dos contribuintes) durante mais de 3 horas e 30 minutos, e acaba por não conseguir decidir nada e delegar as responsabilidades no Conselho Executivo do Departamento?

É assim, meus senhores, que o país não avança. Mais de 40 docentes com formação avançada são obrigados, de certo em certo tempo (entre 8 e 15 dias), a aturar 3 doutorados que, quiçá por não terem mulher em casa, decidem fazer perder tardes inteiras de trabalho profícuo a todo um conjunto de pessoas capazes e com vontade de trabalhar. Não seria bonito se esses senhores fossem obrigados a pagar as horas que obrigam todos os outros seus colegas a estarem ali a fazer de babysitter aos seus devaneios?

Posts Longos!

Andam a criticar-me por escrever testamentos do tamanho dos parágrafos da Agustina Bessa-Luís. A esses senhores (70% dos 2 gatos pingados que seguem isto, ou seja, 1 indivíduo mais as 2 pernas e um bocado do torso do segundo) quero dizer que lamento mas sou terrivelmente falador.

Entretanto, como adenda ao post anterior, não queiram os leitores pensar que eu só abomino o jornal A'Bola. Em jeito de resumo, o Record é o 24 Horas dos jornais desportivos e O Jogo tem o mesmo papel que A Bola mas muda da cor vermelha para a cor azul (embora de forma menos arrogante).

domingo, 10 de junho de 2007

Os jornais desportivos em tempo de férias!

Embora não seja uma leitura digna para um académico de grande monta, os jornais desportivos, por esta altura do ano, são capazes das maiores pérolas em termos de literatura infanto-juvenil, subsecção comédia. Comecemos então por berlaitar dignamente esse monte de papel que alberga como "jornalista" um espécime raro, mentalmente instável, mentiroso, sectário, quiçá cego de nome Leonor Pinhão (falo obviamente d'A Bola, ou como os sportinguistas carinhosamente tratam, "Jornal Oficial do Recreativo da Luz", tal as quantidades de dinheiro que entram por aquela redacção dentro vindas directamente do item "Outras Despesas" nas contas do clube da Luz).

Esse "jornal" (que em termos de qualidade se compara a um qualquer tablóide britânico) diz, sobre a transferência de Leandro Romagnoli para o Sporting, a seguinte pérola:

«Em causa, obviamente, estão os valores da transferência e apesar de os dirigentes mexicanos parecerem dispostos a baixar consideravelmente o valor inicial, 2,5 milhões de euros, fonte que conhece o processo de fio a pavio deixou-nos entender que o Sporting não tem condições, sequer, para chegar a 1,5 milhões, embora no México (como em outras latitudes) haja muita gente convencida de que os leões estão muito, muito ricos... por causa de Nani.»

De facto, o Sporting está, como a grande maioria dos clubes da Europa, aflito de carcanhol. Em Portugal, sabe-se bem que o Sporting tem um passivo de 185 milhões de euros (não contando com as amortizações previsíveis decorrentes da transferência do Nani e do negócio imobiliário com a MDC que está bloqueado), que paga um balúrdio em juros por mês, que está em rigor orçamental, etc. etc. Mas dizer que o Sporting não tem condições para chegar a 1.5 milhões de euros é ser mentiroso, no mínimo. Esta fonte, qualquer ela que seja (cá para mim, atendendo ao número de fontes bem ligadas ao Benfica que já puseram inclusivamente o Totti no caminho da Luz há uns anos atrás) devia estar bêbada quando deu tal informação. Por várias razões:
  • Porque o SCP acabou de receber bastante dinheiro com a transferência de vários jogadores (Não só o Nani, mas também o Custódio (entre 2 e 2.5 milhões), Varela (500 mil euros por empréstimo)), e tem vários negócios rentáveis em perspectiva.
  • Porque o Presidente do SCP disse mais do que uma vez em público que tem 9 milhões para gastar em reforços e, ao contrário d'A Bola e das suas fontes, o homem cumpre o que diz e tem reduzido o passivo dentro do prazo estabelecido.
  • Porque, se o que A Bola escreve se cumprisse, o Benfica tinha ganho alguma coisa nos últimos anos, atendendo ao plantel maravilhoso que é colocado por tal "jornal" na rota dos balneários da Luz.
Mas passemos então a brilhante análise d'A Bola (na sua edição de sábado) sobre as capacidades financeiras do Benfica (a propósito de uma eventual transferência de um tal de Purovic que, ao contrário de Romagnoli, que foi campeão do mundo de sub-20, não tem feitos dignos de registo, mas pelo nome deve ser craque... adiante!):

Confrontado por A BOLA, o empresário do internacional montenegrino, que voltou a confirmar a abordagem do Benfica, não escondeu também grandes dificuldades no negócio, muito embora não feche à possibilidade de negócio. Mostra-se renitente não tanto pelas verbas em causa (por dois milhões de euros a transferência pode consumar-se, verba que está ao alcance dos encarnados), mas por questões «políticas».

Então o repórter académico decide passar a palavra ao Administrador Executivo da SAD do Benfica, Domingos Soares de Oliveira, a propósito do relatório e contas do 1º semestre de 2006/2007 (in Record de Terça, 05/06):

Francamente positivo. É assim o saldo das contas do Grupo Benfica no primeiro semestre de 2006/07, com resultados líquidos consolidados na ordem dos 5 milhões (5.068.998). Números impressionantes, se se considerar que representam um aumento de 96,1% face ao período homólogo.
Um crescimento apoiado nos resultados operacionais de quase 4,5 milhões (4.459.847), números muito superiores aos do período homólogo da época anterior e que não incluem receitas de venda de jogadores. Ou seja, derivam da sponsorização, quotização e receitas da Liga dos Campeões, sendo estas o grande desequilibrador positivo.
Finalmente, o passivo diminuiu mais de 20 milhões de euros (20.200.429) e fixa-se agora nos 315 milhões (315.379.287).

Ok, sou capaz de ser eu que não percebo de Matemática (caros alunos ISELianos e ISTécnicos, bem vos consegui enganar!) mas 315 não é maior que 185? Tipo, muito maior? Tipo, quase o dobro? E isso deve ter consequências ao nível dos juros, certo? Sendo assim, como é que o Benfica tem "tanta" capacidade para colocar 2 milhões em cima da mesa mas o Sporting não tem capacidade de contar 1.5 milhões, nem que seja com moedas de 5 cêntimos?

É óbvio que um jornal destes merece uma berlaitada e das valentes! Porque não é imparcial, porque pensa que ainda estamos no tempo do Estado Novo em que o povo comia tudo, e porque tem uma grave deficiência em termos de Matemática do 1º Ciclo. Não haverá por aí uma aberta no programa Novas Oportunidades do Eng. (será?) Sócrates para os jornalistas do pasquim e respectivas fontes?

(É óbvio que ambos têm a capacidade de colocar o dinheiro que quiserem... basta um (o SCP) endividar-se um pouco mais e o outro (o SLB) não pagar o que deve e que, pelos vistos, é muito. Em breve, esmiuçaremos as contas do Benfica - o Presidente do Sporting já fez o mesmo para as contas do clube várias vezes. Do Sporting, também há muito para falar: envolve a CML, a Somague, o BES e as bonitas relações que por lá vão. O Porto e o seu senil presidente terão também o seu cantinho).

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Quem merece a primeira berlaitada?

Ora, o centro de gravidade deste post vai ser a Ministra da Educação. Essa senhora distinta que soube presentear os alunos com tão grande animação e tão grande mostra de boa educação - aliás, sendo Ministra, há que dar o exemplo -, essa senhora que, tão injustamente, é alvo de sketches cómicos de gosto duvidoso (o que eu me ri com isto), imaginados por mentes perversas que apenas pretendem denegrir a imagem de uma mulher tão extraordinária, que tanto tem feito pela educação deste país. É mesmo ela, não se enganaram. Vim falar dela a propósito do Concurso para Professor Titular.

Então mas o que é isso do Professor Titular? Não é uma maneira de fazer os calões dos professores ganharem mais? Esses biltres que nada fazem, só trabalham 12 horas por semana, queixam-se de tudo mas não ensinam nada aos nossos filhos, não são esses que vão ser aumentados à bruta à conta desse Concurso?

Ora bem, caro leitor (ainda não temos uma relação de proximidade para o chamar de "pá", e para amigo faltam para aí 100 posts), Professor Titular é um cargo que, em boa verdade, pouco ou nada vai alterar na vida das escolas. Apenas permite dividir os professores em dois grupos:
  1. Os Titulares, que vão continuar a trabalhar nas escolas como faziam até agora, sem qualquer benefício monetário, de horário ou qualquer outra benesse;
  2. Os Outros (não confundir com a série de televisão que falava sobre o espíritos e passava na SIC Radical às sextas às 22h), que vão estar sujeitos ao regime de mobilidade da Função Pública, podendo ser deslocados consoante as necessidades das escolas - ou seja, podemos agora redefinir como Os Nómadas.
Sendo assim, a meu ver, este concurso serve para várias coisas:
  1. Fazer ganhar dinheiro a algumas empresas que construíram os formulários electrónicos de Candidatura, bem como todo o procedimento em termos computacionais - isto não era mau de todo, se a adjudicação do projecto não tivesse sido dada a preço mais alto a empresas associadas a Assessores do Ministério.
  2. Criar condições para facilitar o despedimento de professores - os Nómadas, caso não encontrem colocação, passam para o conjunto de Excedentários da Função Pública, com todas as consequências que daí advém;
  3. Promover a incompetência - um professor no 10º escalão que apenas tenha dado as aulas não consegue os 95 pontos necessários para alcançar a Titularidade, mesmo que não tenha faltado um dia nos últimos 7 anos; Um Assessor de Conselho Directivo e Director de Centro de Formação e/ou Pedagógico, mesmo que seja um incompetente, falte descaradamente e seja ausente tem, no mínimo, 130 pontos...
  4. Ignorar o trabalho de uma vida - para o concurso, só contam os 7 últimos anos. Portanto se nos 15, 16 ou 20 anos anteriores a pessoa se fartou de fazer merda (eu posso dizer isto, aqui quem manda sou eu!), não faz mal, não conta!
E donde saiu esta ideia brilhante? Da cabeça da senhora Ministra (e de um Secretário de Estado, com nome parecido com Gualter, aquele boneco estúpido da Rua Sésamo). Então, não acham que aquela senhora de cabelo impecavelmente lacado, não merece uma salva de palmas valente? Vá lá pessoal, tudo a dar calor a essas mãos.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Ready, Set..... Go!

Decidi começar com um texto de alguém que representa o verdadeiro Socialismo cuja sensibilidade não consigo encontrar nos dias de hoje. Sob a égide ENSAIO, apareceu na revista VISÃO do dia 21/06/2001, escrito pela mão de um dos melhores Ministros das Finanças que tivemos nos últimos 30 anos: Sousa Franco.

«A Europa, nosso jardim»

Ligeiramente mais pobres do que os ricos, temos como grande tema o telelixo e como grande desígnio o Euro 2004 de futebol.

Tal como é difícil acharmos bela uma cidade que vemos com frio, chuva e nevoeiro - Veneza é das poucas que escapam a este juízo - custa reflectir sobre o futuro quando o presente dói. As notícias são más. Bush e a recessão nos Estados Unidos, a Europa atolada na vulgaridade sórdida e imediatista, o Mundo a criar menos riqueza e a reforçar a má globalização (a do crime e das desigualdades crescentes) em vez da boa (a da solidariedade e dos valores). Instala-se, em quem tem, como nós, o privilégio de viver nas partes ricas, um vago spleen, receosos dos efeitos de uma bomba em Israel ou de um incidente nos Mares da China - enquanto agredimos o ambiente, progridem a pobreza, a SIDA e a droga, estragamos o legado dos nossos avós sob o sorriso e os cifrões da potência global e dos mercados omnipotentes. Como sempre: Deus ou o dinheiro.
Hoje sabe-se quem manda. É claro que há mais liberdade e respeito pelos direitos humanos, apesar dos Estados Unidos e da China matarem judicialmente mais do que nunca e de se multiplicarem sangrentas guerras locais. É claro que o sentido religioso e o sentido ético progridem no Mundo, e com ele o ecumenismo global do actual Papa, que tanto marcou a História, apesar disso se não sentir na decadência aprazível desta Europa cada vez menos relevante. Quanto mais se tenta menosprezar a História, substituindo-a pelas construções artificiais - de Versalhes até às revoluções pacíficas da década de 80 -, mais ela se vinga e vem à tona, ou se repete no incessante rodar dos corsi e ricorsi.
Se o mundo possibilita aos privilegiados o horizonte lunático do carpe diem horaciano, Portugal não é melhor nem pior do que os outros nesta rua europeia onde moramos no vasto mundo. E enquanto o estragamos para os nossos netos, vemos, distraídos, nos Telejornais - entre assaltos, sexo e droga - aqui bem perto, na África, multidões de famintos, doentes moribundos, que nascem com a esperança de viverem 30 e poucos anos, ou, também aqui perto, na Europa Central e Oriental, escravos das máfias da droga.

Ligeiramente mais pobres que os ricos, a caminhar - em nome da liberdade! - para o auge da civilização da morte e do vazio, temos como grande tema o telelixo, e como grande desígnio o Euro 2004 de futebol (claramente - e ainda bem! - um dos nossos nichos de existência). Isto está de tal forma que não é necessário outro terramoto de Lisboa para que a primeira versão do mito do progresso - o optimismo de Leibniz - seja facilmente batida pela sensata conclusão do dr. Pangloss: "Cultivemos o nosso jardim".
Talvez, da simples verificação inicial de uma das Éticas de Aristóteles, resulte a reconstrução de uma civilização - "Todo o ser humano aspira à felicidade". Do jardim - mais de Voltaire que de Epicuro - desse jardim que é a consciência e a vida, talvez transcendemos mais a crise do enorme vazio europeu do que com os discursos ocos, os sistemas falsos, os poderes corruptos, os valores perdidos, o vazio da Europa que temos. Vazio ensurdecedor neste Portugal sem rumo, que lá irá andando aos trambolhões. Mas avançará, se cultivarmos os nossos jardins - até o jardim nacional - o melhor que pudermos. Depois de bater no fundo, gerar-se-ão novas esperanças e novos projectos, outro ciclo virá. Até lá, insisto, cultivemos o nosso jardim, atiremos pedradas fortes aos cães raivosos que ladram mais nestes tempos de crise - e avancemos. Há sempre outro tempo para a confiança, que desertou e parece tardar. Mas virá algum dia.

Viremos as costas ao que não presta. Há muito por fazer, mas tudo se estraga neste clima. Todavia, cautela, porque os vícios são enganadores, construtores e destruidores. Tivemos, colectivamente, desafios a que fomos respondendo, aqui bem, ali mal - a democracia instável, um certo desenvolvimento económico (hoje, outra vez parado, porque em 1998 caímos outra vez, após o Euro, nas "delícias de Cápua", e ainda de lá não saímos), a reconstrução do Mundo de língua portuguesa sobre escombros sangrentos, a entrada na Europa com sucesso, só excedido pela Irlanda, a entrada no Euro que nos deu um estatuto de país mais desenvolvido do que somos, a independência de Timor-Leste.
Hoje, além do trivial - porque o tempo das reformas já foi: ou se fizeram ou não - e da mediocridade, está aí um único desafio histórico. E não espera por nós. É o da Nova Europa. É um debate vital, que não aguardará o novo ciclo de confiança nacional, que pode demorar. E decidir-se-á nestes tempos próximos: connosco ou contra nós. Que a maioria, ao voltar as costas à insuportável politiquice e à vulgaridade do espaço, não esqueça: a Europa também é o nosso jardim.

Com umas pequenas alterações, isto está mais do que actual. Temos o telelixo em formato reality show, temos um país desanimado e sem esperança, e a Selecção lá nos vai animando. Somos cada vez mais pobres mas os índices económicos dão-nos como cada vez mais ricos. Por isso, temos que distinguir os homens com visão e os políticos que infestam a nossa praça. Todos, sem excepção, se regem pelas mesmas regras. Assim sendo, temos duas soluções: continuarmo-nos a sentir umas poias ou tentar cultivar o nosso jardim. Eu já reguei as minhas plantas...

... e entretanto, bom dia!