quinta-feira, 7 de junho de 2007

Quem merece a primeira berlaitada?

Ora, o centro de gravidade deste post vai ser a Ministra da Educação. Essa senhora distinta que soube presentear os alunos com tão grande animação e tão grande mostra de boa educação - aliás, sendo Ministra, há que dar o exemplo -, essa senhora que, tão injustamente, é alvo de sketches cómicos de gosto duvidoso (o que eu me ri com isto), imaginados por mentes perversas que apenas pretendem denegrir a imagem de uma mulher tão extraordinária, que tanto tem feito pela educação deste país. É mesmo ela, não se enganaram. Vim falar dela a propósito do Concurso para Professor Titular.

Então mas o que é isso do Professor Titular? Não é uma maneira de fazer os calões dos professores ganharem mais? Esses biltres que nada fazem, só trabalham 12 horas por semana, queixam-se de tudo mas não ensinam nada aos nossos filhos, não são esses que vão ser aumentados à bruta à conta desse Concurso?

Ora bem, caro leitor (ainda não temos uma relação de proximidade para o chamar de "pá", e para amigo faltam para aí 100 posts), Professor Titular é um cargo que, em boa verdade, pouco ou nada vai alterar na vida das escolas. Apenas permite dividir os professores em dois grupos:
  1. Os Titulares, que vão continuar a trabalhar nas escolas como faziam até agora, sem qualquer benefício monetário, de horário ou qualquer outra benesse;
  2. Os Outros (não confundir com a série de televisão que falava sobre o espíritos e passava na SIC Radical às sextas às 22h), que vão estar sujeitos ao regime de mobilidade da Função Pública, podendo ser deslocados consoante as necessidades das escolas - ou seja, podemos agora redefinir como Os Nómadas.
Sendo assim, a meu ver, este concurso serve para várias coisas:
  1. Fazer ganhar dinheiro a algumas empresas que construíram os formulários electrónicos de Candidatura, bem como todo o procedimento em termos computacionais - isto não era mau de todo, se a adjudicação do projecto não tivesse sido dada a preço mais alto a empresas associadas a Assessores do Ministério.
  2. Criar condições para facilitar o despedimento de professores - os Nómadas, caso não encontrem colocação, passam para o conjunto de Excedentários da Função Pública, com todas as consequências que daí advém;
  3. Promover a incompetência - um professor no 10º escalão que apenas tenha dado as aulas não consegue os 95 pontos necessários para alcançar a Titularidade, mesmo que não tenha faltado um dia nos últimos 7 anos; Um Assessor de Conselho Directivo e Director de Centro de Formação e/ou Pedagógico, mesmo que seja um incompetente, falte descaradamente e seja ausente tem, no mínimo, 130 pontos...
  4. Ignorar o trabalho de uma vida - para o concurso, só contam os 7 últimos anos. Portanto se nos 15, 16 ou 20 anos anteriores a pessoa se fartou de fazer merda (eu posso dizer isto, aqui quem manda sou eu!), não faz mal, não conta!
E donde saiu esta ideia brilhante? Da cabeça da senhora Ministra (e de um Secretário de Estado, com nome parecido com Gualter, aquele boneco estúpido da Rua Sésamo). Então, não acham que aquela senhora de cabelo impecavelmente lacado, não merece uma salva de palmas valente? Vá lá pessoal, tudo a dar calor a essas mãos.

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